Cultura

“Escrever o livro foi um deleite”

Aline Figueiredo é homenageada em livro e documentário que serão lançados no dia 14 de setembro, às 19h, no teatro do SESC Arsenal em Cuiabá. As duas obras fazem parte do projeto ‘O Propósito de Aline’, que conta a vida da crítica de arte e animadora cultural.

O livro “O Propósito de Aline” é um recorte de 75 anos de história. Aline  Figueiredo é um dos pilares da cultura mato-grossense. Incansável na luta para o reconhecimento da cultura local. O livro é uma homenagem à critica de arte e animadora cultural que construiu pontes e desbravou trilhas para a cultura popular durante toda a sua carreira. Aos 75 anos segue atenta em busca de novos projetos, inspirando gerações.

No livro, o jornalista Rodrigo Vargas, 45, compartilha conosco um pouco da trajetória e experiências dessa personagem. “Aline unificou Mato Grosso e fortaleceu uma ideia que foi reconhecida nacional e  internacionalmente. Aline sonha e realiza, não perde tempo elaborando demasiadamente. O investimento em cultura e artes reverbera”, frisou Vargas.

Blog da Condessa – A soma de todas as experiências culturais resultou em “O propósito de Aline”? O leitor terá essa percepção, dimensão ao ler o livro e ver o documentário ‘Eu sou capim navalha’?

Rodrigo Vargas – Acredito que sim. O projeto é resultado dessa multiplicidade de Alines, digamos assim. Aline Figueiredo é uma figura múltipla em todas essas figuras, papéis que ela representou ao longo da vida. Foi tudo muito rico, cheio de significados. Partimos da Aline intelectual, da cultura, da estudiosa que escreveu cinco livros fundamentais pra se entender  a cultura e a arte  não apenas em Mato Grosso, mas em todo Centro-Oeste. Há também a Aline crítica de arte reconhecida no Brasil e no exterior. A animadora cultural presente nos bastidores ajudando a construir praticamente do nada uma cena cultural que se tornou fortíssima com raízes até hoje  ao longo de 55 anos de atuação direta. E, a Aline professora de história da arte desde a década de 70. Formou público para os artistas, exposições. Ou seja, formou a cena artística e o público.  Não é uma biografia, foi se fosse teria um conteúdo certamente maior do que as 200 páginas que o livro contém.  É uma porta de entrada pra esse universo tão rico e intenso que ela construiu ao longo da vida.

Blog da condessa – Qual a importância de ambos e o que representa pra sociedade?

Rodrigo Vargas  -Espero que tanto o livro como o documentário ajude as pessoas a ter uma ideia da dimensão dessa personagem tão envolvente. O objetivo é que a pessoa leia o livro e assista o documentário com o interesse e o desejo de saber e de se aprofundar mais sobre Aline e suas obras, sobre o Museu de Arte e Cultura Popular que ela ajudou a criar. Não tenho a pretensão de que as duas obras esgotem o assunto.

Blog da Condessa –  Na sua opinião, sinônimo de ler é?

Rodrigo Vargas –  Busca. Um propósito por respostas, consolo, sentido, sentimentos. Cada livro é uma jornada. Às vezes não tão boa. Já em outras, inesquecível. No entanto, todo livro oferece essa perspectiva de busca por algo.

Blog da Condessa – Quem lê amplia o olhar, torna-se mais tolerante ao perceber na visão do outro formas de alargar a sua própria visão das coisas. Quem lê, consegue ter uma percepção mais crítica de tudo. Concordas?

Rodrigo Vargas – Sim. Nos tornamos mais humildes, evita, inclusive de nos acharmos os donos da verdade, mais receptivos e abertos a descobertas, novos olhares. Uma das consequências de se buscar o conhecimento é exatamente isso: descobrir.

Blog da Condessa – Que ações você considera válidas para ampliar o acesso ao livro, à cultura, arte?

Rodrigo Vargas – Tudo o que se fizer para popularizar, democratizar o acesso à cultura, arte, os livros é benéfico para todos. O investimento em cultura não beneficia apenas um segmento. Ele reverbera. Se transforma em um ciclo positivo, virtuoso em que a cultura vai se espraiando e melhorando a sociedade. Acredito que formas de baratear livros, tirar impostos da cadeia toda. Isso já existe hoje, inclusive com propostas pra se acabar , mas quanto mais se baratear o livro, mais se criar bibliotecas , aproximar autor do público nas escolas e quanto mais se despertar esse desejo pela cultura, melhor pra sociedade. Então, percebo as leis de incentivo à cultura dentro desse esforço de produzir mais e de forma descentralizada e com a finalidade de se fortalecer.

Blog da Condessa – O que mais te fascina na escrita, particularmente nessa obra?

Rodrigo Vargas – A minha maior experiência profissional é como jornalista. Ano que vem completo 25 anos  de atividade e basicamente a escrita é minha ferramenta de trabalho. Pra mim, que sou tímido, a escrita se tornou uma ferramenta de contato com o mundo. Essa forma de me expressar é o que mais me fascina. Essa obra, em especial, foi muito bacana de escrever. Um deleite A personagem é sensacional. A vida dela cheia de viradas, cenas cinematográficas, encontros com pessoas importantes, realizações e livros. O difícil foi saber o que explorar menos, do contrário o livro chegaria a 800 páginas.

Blog da Condessa – A ideia de escrever esse livro deve-se a importância de expandir a produção cultural mato-grossense para outras regiões e até para fora do Brasil?
Rodrigo Vargas –
Foi especificamente devido a importância da Aline pra esse processo. A Aline na vida inteira dela trabalhou para expandir a produção cultural Mato-grossense para outras regiões e até para fora do país. A Aline ao longo da vida cumpriu esse papel de levar de forma organizada  e profissional o que produzimos aqui para outros centros. Não foi Aline quem inventou as artes plásticas em MT. Havia os artistas locais, porém não estavam conectados. Não faziam mostras conjuntas, não tinham visibilidade externa. Aline conseguiu realizar esse processo de expansão cultural. O lançamento do livro “O Propósito de Aline” e do documentário “Eu sou capim navalha”, abre as portas para o universo da crítica de arte, animadora cultural e escritora.

 

Blog da Condessa – O que o leitor pode esperar da obra? 

Rodrigo Vargas – As pessoas que já leram o livro me deram um feedback muito positivo. Estou bem satisfeito com as avaliações. Repito, não há a intenção de ser uma obra definitiva sobre a da vida de Aline. Até por que ela está aí firme e forte produzindo  e prestes a lançar um novo livro e com muitos projetos.  Caso tenhamos uma segunda edição certamente teremos que inserir alguns capítulos extras. O livro é um recorte de 75 anos de história desde antes do seu nascimento.  A obra percorre todo esse período. Posso garantir que será uma leitura prazerosa , repleta de surpresas em um texto simples , objetivo e com sentimento.

Blog da Condessa – Que descobertas que você fez nessa imersão?

Rodrigo Vargas – Que eu sabia muito pouco de Aline e olha que eu achava que conhecia muito. Na sequência, me surpreendi. A importância dela no cenário cultural, na minha avaliação, se tornou muito maior. Ela fez e faz história. Ela sonha, imagina algo e já se empenha em tornar realidade. Sua atuação foi decisiva na trajetória de artistas como Dalva de Barros, Clóvis Irigaray, Adir Sodré e Gervane de Paula, entre dezenas de outros.

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