Cultura

“O início com as artes plásticas foi prosaico”

A artista visual Rosylene Pinto, 51, cuiabana, Engenheira Sanitarista e de Segurança no Trabalho (UFMT) conta que desde criança sempre gostou de tudo que era relacionado à arte. O primeiro contato veio através do seu pai que era um excelente desenhista autodidata e com sua avó materna que era ceramista. Em 1999 inicia sua carreira artística nas artes da pintura em tela. Hoje, além da pintura, tem como sua principal atividade artística as esculturas em cerâmica figurativa. No mais, realiza também trabalhos em xilogravuras, desenhos e fotografia. Confira a entrevista!

Blog da Condessa – Você trabalha em casa?

Rosylene Pinto – Como artista trabalho em casa no meu Ateliê Casa Fuzuê das Artes, geralmente à noite e nos finais de semana. Já como engenheira sou funcionária pública estadual em tempo integral durante a semana.

Blog da CondessaQuando iniciou tua vida de artista ?

Rosylene Pinto – Desde criança, sempre gostei de tudo que era relacionado à arte. Meu primeiro contato com as artes foi através do meu pai que era um excelente desenhista autodidata, e com minha vó materna que era ceramista, prática que fazia seus próprios utensílios domésticos feitos de barro. Mas só em 1999 iniciei a carreira me integrando a um grupo de artistas, orientado pela professora Vilmali, nas artes da pintura em tela. Em 2007 tive meu primeiro contato com o barro no Ateliê da ceramista Alair Fogaça.

Blog da CondessaQual foi o fator principal que a levou à arte?

Rosylene Pinto – O início, com as artes plásticas, foi um tanto quanto prosaico. Ao ver meu pai aposentado em 1999, ocioso em casa, decidi procurar atividades para ele. A primeira delas foi levá-lo a um curso de pintura que era ministrado no Hospital Universitário Júlio Muller, com a professora Vilmali. Foi ali ao acompanhar meu pai que  pintei o meu primeiro quadro. Esta obra esta guardada aqui no ateliê até hoje. Na sequência, comecei a pintar por encomendas de amigos e parentes pinturas acadêmicas, embora sem um caráter profissional.

Blog da Condessa – As esculturas te acompanham desde o início?

Rosylene Pinto – Iniciei com pintura óleo sobre tela. Eu trabalho com escultura em cerâmica figurativa. Gosto muito da cerâmica popular brasileira, que é o meu estilo.

Blog da Condessa – A arte está presente no nosso cotidiano? 

Rosylene PintoSim. A arte esta em todos os lugares, basta querer enxergar e sentir. Tem que ter sensibilidade para isso. Está presente na música que ouvimos no rádio, na dança, nos grafites nos muros das cidades, na arquitetura. Enfim, de várias formas. Um mundo sem arte seria triste, sem graça, sem vida, sem risos e sem cores.

Blog da Condessa – Em sua opinião, como anda o mercado de artes plásticas no Brasil? Há alguma tendência a melhorar?

Rosylene PintoO mercado das artes já não vinha muito bem em todo Brasil por falta de investimento dos poder público em geral. Agora com esse período de pandemia muitos artistas que vivem exclusivamente de arte estão passando ainda mais dificuldades financeiras para sobreviver. No Brasil sempre foi muito difícil viver de arte, já em Mato Grosso nem se fala. Porém, o artista brasileiro é u m guerreiro e se reinventa a cada dia para sobreviver. Penso que as adversidades da vida servem para nos fazer crescer.

Blog da Condessa – Como você aborda e mostra a sua arte?

Rosylene PintoEu sempre uso as redes sociais para divulgar meus trabalhos artísticos e através desse canal e de algumas exposições realizadas que consigo mostrar meus trabalhos e comercializar também.  Eu mesmo faço questão de apresentar e comercializar meus trabalhos.

Blog da Condessa – Qual ou quais os artistas que exerceram maior influência na sua arte?

Rosylene PintoEu gosto muito das esculturas de Francisco Brennand. Admiro muito a cerâmica do Vale do Jequitinhonha MG. Gosto de Pablo Picasso tanto esculturas como pinturas e também das pinturas do Di Cavalcante.

Blog da Condessa – O artista vê o mundo de uma forma diferente?

Rosylene Pinto  – Acredito que os artistas veem o mundo e o seu redor com mais sensibilidade, e podem transformar o que viram em seu cotidiano em obras de arte e referências para o seu trabalho. Os artistas tem o olhar para perceber coisas que os outros ignoram. No entanto, enxergar o mundo como um artista é uma habilidade que qualquer um pode desenvolver desde que tenha sensibilidade.

Blog da Condessa – Como se dá o seu processo de criação, inspiração?

Rosylene Pinto – Cada peça tem uma característica única, sendo as personagens desenvolvidas de acordo com algumas encomendas. A inspiração que vem do cotidiano, nas andanças do trabalho. São peças que retratam os índios, os ribeirinhos, as mulheres, o pescador, imagens religiosas, utilitários. Enfim, tudo com alguns traços da cultura mato-grossense e do meu cotidiano. Todos estes apresentados com formas exageradas, como características únicas. Para fazer uma peça eu trabalho o barro como se estivesse fazendo um filho, naturalmente, meu corpo está inteiro nos meus braços e mãos. As mãos estão molhadas de sentimento e barro dando forma à massa, acreditando que faço sozinha a peça depositando a ela toda energia positiva e amor no que estou fazendo. Neste momento pareço não estar consciente que faço só uma parte do trabalho, pois deixo ao sol e ao vento a tarefa de secá-la. Levo ao fogo para ser queimada. Após retirar a peça do forno e pintá-la, eu percebo que ao completar a minha obra ela está inacabada faltando uma pessoa para apreciá-la e adquiri-la. Então sinto que não posso mais retê-la e aí as mesmas mãos que moldaram o barro entrega a peça ao seu destino. Exatamente como o pai vê o seu filho partir fazendo seu próprio destino. Assim, como artista, vem a satisfação. O trabalho em cerâmica é de paciência e muito amor envolvido.

Blog da Condessa – A arte tem, por uma de suas metas, refletir o contexto social de sua época. Como ela se caracteriza nos tempos atuais e o que estaria refletindo sobre o mundo em que vivemos?

Rosylene PintoHoje com o período de pandemia, as pessoas estão a cada dia tendo mais necessidade de viver a arte, seja através de um filme, uma live de música ou de como fazer arte passo a passo. A arte tem confortado as pessoas nos seus lares em tempo de isolamento social. E também se percebe que muitos artistas estão se inspirando no momento para se expressar nas suas artes. Em alguns casos, se reinventando.

Blog da Condessa – A arte pode funcionar como uma válvula de escape para manter um maior equilíbrio emocional tanto daqueles que a “consomem” quanto dos que a produzem? Como?

Rosylene PintoSim, fazer arte é muito prazeroso e quando o público consegue ser tocado por aquilo que você quis passar através da sua arte é muito gratificante e relevante tanto para quem consome quanto para quem cria.

Blog da Condessa – Como sobreviver de arte num país como o Brasil?

Rosylene PintoEu admiro muito quem consegue viver só de arte, pois realmente é muito difícil. O consumo das artes ainda é muito pequeno. Trabalho em dois turnos para não viver exclusivamente de arte, pois acho que não conseguiria. Não vendo obras todos os meses. É um mercado sazonal, há época que vende muito e outras que não vende nada. Sendo assim trabalho dobrado para continuar fazendo artes. Minha rotina envolve uma  jornada de 8 horas  como engenheira sanitarista. Já no período que eu deveria estar descansado à noite e finais de semana estou trabalhando no meu ateliê com arte. E, assim, vou vivendo e dedicando meus dias na dinâmica de duas coisas que amo fazer.

Blog da Condessa – Que conselho você daria a um jovem aspirante a artista plástico?

Rosylene PintoPaciência, amor, persistência e muita dedicação.

Blog da Condessa – Onde apreciar tuas obras?

Rosylene Pinto Na exposição virtual #exoposicaovirtualceramistasdobrasil e através das mídias sociais nos seguintes links:

Instagram:@ateleiecasafuzuedasartes

Facebook: @ateliecasafuzuedasartes  @todaformadeamorvaleraExposição

Blog da Condessa – No percurso, um somatório de exposições?

Rosylene PintoParticipei de diversas. Entre elas: Mostra de Arte Contemporânea dos Artistas de Mato Grosso com a curadoria de Divino Sobral (2013) em Cuiabá-MT; Salão de Artes de Mato Grosso com a Obra “Conectados” escultura em Cerâmica figurativa (2014) em Cuiabá-MT; Mostra Inaugural coletiva da Galeria Mirante das Artes (2014) com a curadoria de Aline Figueiredo em Várzea Grande – MT; Salão Naif da ACUBÁ, com curadoria Heleninha Botelho (2014), na Galeria N’Artes em Cuiabá MT; Exposição Coletiva “Pintando sobre a Copa e as Belezas de Mato Grosso” (2014) MACP/UFMT em Cuiabá-MT; Exposição Coletiva de Arte Fecundo Cerrado (2014)  com a curadoria de Ruth Albernaz, Benedito Nunes  e Rosylene Pinto em Cuiabá – MT;  Exposição Coletiva Prova de Artista, Xilogravura, com a Curadoria de Imara Quadros (2015), exposição convidada para esta junto a Exposição “Poesia do Corte e da Linha” do artista Modernista de renome internacional Lasar Segall com gravuras em metal e xilogravuras em Cuiabá – MT; Exposição Coletiva Cidade em Arte, com os Artistas Clovis Irigaray, Victor Hugo e Rafael Jonnier, (2016) na inauguração da Galeria de Arte Luiz Beccari em Cuiabá-MT;  Exposição Coletiva “Natureza Substantivo Feminino” Curadoria Imara Quadros e Ruth Albernaaz; 1º Salão Pan-Amazônico das Artes (2016) em Manaus-AM; Exposição individual “Toda Forma de Amor Valerá” (2017) Curadoria Imara Quadros e Ruth Albernaaz – Galeria do SESC Arsenal em Cuiabá-MT e Galeria do SESC em Rondonópolis – MT. Foi orientador no grupo do Ateliê Aberto de Xilogravura do SESC Arsenal em Cuiabá-MT (2017 e 2018), Participou da 1ª Bienal de Cerâmica de São Paulo, curadoria Fernado Zelman (2018), Exposição coletiva Internacional “Ex Libris: Marca de uma identidade” Curadoria André de Miranda Sesc Tocantins (2018); Exposição coletiva Entre Formas e Cores Curadoria Vicente de Paula na Galeria Lava Pés em Cuiabá e  em Primavera do Leste-MT (2019), Exposição Coletiva Opus Magna curadoria Gervane de Paula, na Arto Galeria em Cuiabá-MT (2019), Exposição Coletiva Amamentação curadoria Ronei Ferraz, no Palácio da Instrução em Cuiabá-MT (2019), Exposição Coletiva de Artes “Rogai por Nós” Curadoria Meg Marinho na Casa Cuiabana em Cuiabá-MT (2019), Exposição Presépios do Cerrado na Sesc Arsenal em Cuiabá (2019) curadoria Ronei Ferraz.

SERVIÇO

Contato: (65) 99618-2290

Atêlie Casa Fuzuê das Artes

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