Cultura

Jovem escritor cuiabano lança livro de poemas

O estudante de engenharia civil, o cuiabano Mateus Elias Cruz Antunes, 23, lança o livro ‘Cada Memória Vivida’ pela Umanos Editora, no próximo dia 7, às 18 horas no Sesc Arsenal. Na realidade, não são memórias. Não relata momentos. É um livro de poemas. Conforme o jovem escritor, os poemas são reflexões sobre variados temas, dos mais profundos até os mais triviais. Confira a entrevista!

Blog da Condessa – Como surgiu a ideia de um livro de memórias?

Mateus Elias – Na verdade não é um livro de memórias. Naturalmente que o título engana. Não relata momentos. É um livro de poesias motivado por momentos da minha vida, instantes  que permanecem na minha memória em função do esforço que me empenhei em escrevê-los. Os poemas são reflexões sobre diversos temas dos mais profundos até os mais triviais. Como, por exemplo, o fato de um estudante ter sono, o amor entre um casal ou  entre pais e filhos, sobre a tristeza ou então assuntos de cunho político, mas não no sentido partidária e sim na forma mais básica, essencial e que a maioria ignora que é a política como influência mútua entre as pessoas. Eu comento momentos do Brasil em forma de poesia

Blog da Condessa – É a sua estreia como escritor?

Mateus Elias – Não. Eu já escrevo a bastante tempo. Tenho um blog, o ‘Memórias do Xomano’ desde 2019. No entanto, é minha estreia como autor de um livro.  É o primeiro livro que publico. Quando juntei o recurso para a publicação pensei em qual o livro que eu publicaria, pois também disponho de um apanhado de crônicas.

Blog da Condessa – Memórias apenas em Cuiabá ou outras localidades?

Mateus Elias – São de vários lugares, sendo a maioria de Cuiabá. Porém, há escritos de outras cidades como Chapada dos Guimaraes, Rio de Janeiro, Bragança, Lisboa e Porto – cidades em Portugal onde morei por um tempo. Não são relatos, nem poemas meramente descritivos. São reflexões que fiz por meio da minha poesia motivados por momentos que vivi.

Blog da Condessa – Comente sobre a capa do livro, por favor.

Mateus Elias – É uma foto que eu mesmo tirei na Europa. Deparei-me com uma imagem belíssima do degrade do sol e da escuridão da noite.

Blog da Condessa – Os poemas são a partir de que idade?

Mateus Elias – A partir dos 13 anos. Eu sempre registrei data, local e dedicatória. Mas, em alguns momentos me passei no registro. No entanto, esqueci o registro em alguns. Mas foram poucos. O que sei que é o mais antigo , pelos meus cálculos, foi nessa idade

Blog da Condessa – Você tem um blog onde já se aventura na escrita?

Mateus Elias – Sim. Desde 2019 quando fui estudar em Portugal. Nesse caso, são relatos da minha vida. Crônicas onde eu conto minhas experiências, mas vão além. Insiro reflexões , pensamentos, indagações. Não é um mero texto descritivo. São crônicas inspiradas no meu cotidiano lá na Europa. No retorno à Cuiabá, publico textos não apenas relacionados a mim, mas também referente a sociedade em geral. Eventualmente, resenhas.

Blog da Condessa – Na sua opinião, sinônimo de ler é?

Mateus Elias – Primeiro uma necessidade. Segundo, é poder – da informação e do conhecimento.  Na sequência, prazer. São as possibilidades que a leitura proporciona.Quando digo prazer é no que tange a literatura. Infelizmente, temos uma concepção que considero errônea ao colocá-la num pedestal como algo transcendental , sublime que só pode ser compreendida por poucas pessoas. Há também outra questão. A necessidade do protesto que pode ser incorporada na literatura.

Blog da Condessa – Quem lê, consegue ter uma percepção mais crítica de tudo?

Mateus Elias – Sim. A linguagem permite que a pessoa consiga não apenas se expressar , mas também compreender melhor outros pontos de vista e também a si mesma. Inclusive alguns filósofos argumentam que a capacidade do nosso pensamento se limita a capacidade da nossa linguagem. Aquilo que não conseguimos colocar em palavras , não conseguimos entender. Será? Talvez.

Blog da Condessa – Como se dá o seu processo de criação, inspiração?

Mateus Elias – Acredito que a minha poesia é como a de Drummond. Ele disse certa vez em uma entrevista que a sua poesia era confessional. Acho que a minha caminha nessa vereda. Minha poesia procura expressão do íntimo, de mim, dos pensamentos de uma maneira poética com apelo estético. Como uma arte confessional ela tem essa característica de ser momentânea.

Blog da Condessa – Qual ou quais escritores que exerceram maior influência no teu contexto de escritor?

Mateus Elias – Uma infinidade. Mas se eu restringir meu contexto de leituras para o universo da poesia e da literatura  tem o Casimiro de Abreu, Castro Alves, Machado de Assis, Augusto dos Anjos, Vinicius de Moraes que escrevia sonetos impecáveis.

Blog da Condessa – O que o leitor pode esperar da sua obra? 

Mateus Elias – Uma poesia bastante sincera e original. Minha intenção foi produzir arte genuína. Minha escolha por versos livres ou versos de métrica rígida. Eu acho interessante a postura de Castro Alves, por exemplo. Era abolicionista e usada a sua poesia como protesto. Ele escrevia de forma que as pessoas se comovessem e fossem capitaneadas pra causa do abolicionismo. Mas ele sabia que só teria repercussão com seus poemas libertários  se a sua poesia se concretizasse esteticamente, ou seja, ele não poderia prescindir da estética ou da arte  pra fazer seu protesto. Pelo contrário, antes de tudo ele era artista e graças a essa sua capacidade artística seus poemas libertários abolicionistas poderiam ecoar. Já hoje existe uma preocupação inversa. Antes de tudo é preciso ser panfletário e depois ser artista. O que destrói completamente a arte. A minha ideia é ser um artista. A minha preocupação é fazer versos que antes de tudo entretenham.

Blog da Condessa – Como você descreveria a sua relação com a escrita?

Mateus Elias – Natural. De necessidade. Como um alimento.

Blog da Condessa – Que descobertas que você fez nessa imersão?

Mateus Elias – Me permitiu conhecer meus próprios pensamentos. Na medida que eu escrevo passo a formular esses pensamentos não só de maneira esteticamente aprazível, mas também de forma profunda. A lapidar a palavra com um significado preciso. A palavra pode ser dobrada de inúmeras formas.

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