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“Como você cuida da sua aldeia?”

Mato-grossense idealiza 1° Festival de Cinema e Cultura Indígena do Brasil. Entre os dias 2 a 11 de dezembro, será realizado, em Brasília,  o festival pioneiro no país e que pretende dar destaque a obras cinematográficas produzidas por e sobre povos indígenas brasileiros.

Idealizado pelo mato-grossense Takumã Kuikuro, um dos cineastas mais representativos de sua geração, o Festival apresenta o tema “Como você cuida da sua aldeia?”.

“Esse tema pretende refletir sobre o cuidado e a regeneração como elementos éticos da relação com o espaço em que vivemos e procura indagar aos visitantes da mostra sobre como coexistir no mundo de hoje, criar possibilidade de relação com o humano e o não humano e a como incentivar outras potências de viver”, destaca Takumã.

O Festival de Cinema e Cultura Indígena (FeCCI), em sua primeira edição, foca nas histórias de coletivos e realizadores de origem indígena, tendo como propósito promover, fortalecer e difundir as variadas culturas e cinemas dos mais de 305 povos indígenas do país. Além disso, o evento traz uma programação de longas-metragens de temática indígena e ambiental que marcaram o cinema brasileiro.

Com a mostra, Takumã diz que pretende, ainda, promover encontros e a formação de novos públicos e que os realizadores dessa arte sejam incentivados e reconhecidos em uma premiação.

As obras selecionadas para serem exibidas durante o Festival receberão cachê e os filmes vencedores da competição serão premiados nas categorias “Melhor Filme pelo Júri Técnico” e “Melhor filme do Júri Popular”. Haverá ainda premiação especial com a entrega do troféu Tamakahi para o “Melhor Roteiro”, “Melhor Direção” e “Melhor Fotografia” patrocinada pelo Instituto Alok, apoiador da iniciativa.

O Festival, que já teve a sua primeira etapa realizada no próprio território Kuikuro, no Xingu, em setembro de 2022, é uma importante ação de protagonismo, reconhecimento e fortalecimento das culturas indígenas, em especial as práticas xinguanas.

“O Festival de Cinema e Cultura Indígena representa um marco das políticas públicas da cultura para os povos originários, que é de outra ordem, que envolvem outras questões, que necessita de outras abordagens e que nos força a repensar a própria ideia de gestão pública. Ficamos muito contentes e aprendemos muito com esta ação”, destaca Jan Moura, secretário Adjunto de Cultura da Secel.

Ainda conforme Moura, “vivemos num estado que possui 47 etnias e cada uma com sua própria cultura, o que torna nosso trabalho, de gestão cultural, ao mesmo tempo desafiador, mas também empolgante. É um espaço que o próprio povo se vê e também uma oportunidade para nós, não-indígenas, de conhecermos mais o universo que envolve suas práticas”.

Takumã é da aldeia indígena Kuikuro, mas atualmente vive na aldeia Ipatse, no Parque Indígena do Xingu, em Mato Grosso. Dirigiu o documentário As hiper mulheres (2011), junto a Leonardo Sette e Carlos Fausto. Teve filmes premiados em festivais, como os de Gramado e Brasília, e no Presence Autochtone de Terres em Vues, em Montréal. Em 2017, recebeu o prêmio honorário Bolsista da Queen Mary University London. E foi, em 2019, o primeiro jurado indígena do Festival de Cinema Brasileiro de Brasília.

“Nós realizamos essa mostra para que a gente possa mostrar [o cinema indígena] para o público indígena da aldeia, que nunca teve a oportunidade de ir a uma sala de cinema, porque isso é importante para a gente: mostrar realmente nossa própria realidade. Nós temos uma riqueza, uma cultura, dentro da nossa aldeia. [O cinema] é uma ferramenta importante para que nós possamos realmente lutar junto com as lideranças, através do audiovisual […] Cada vez mais, a gente tem que se tornar protagonistas de nossas próprias histórias”, reforçou Takumã.

 

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