Saúde

Os impactos no comportamento durante o confinamento

Mauriene Tizzo de Abreu Lima é psicóloga clínica especialista em terapia cognitivo comportamental. Nesta entrevista, concedida por telefone, a profissional comenta sobre como controlar, amenizar as emoções durante a quarentena. Fala ainda sobre a importância de lidar com a ansiedade e o estresse imposto pela conjuntura atual de incertezas e medos, bem como com a preocupação pela saúde própria e dos familiares. Confira!

Blog da Condessa – O impacto da pandemia da Covid-19. Comente, por favor, sobre o sentir medo.

Mauriene Tizzo – O medo é acionado numa forma de defesa. Para não nos expor a ele. O corpo aciona que existe algo perigoso, identificamos e temos a tendência de emitir alguma resposta. Ou fuga ou luta. No caso específico do vírus nos foi solicitado reclusão, o que também gera nas pessoas um acionamento de medo e consequentemente a crise de ansiedade. O medo é principalmente do desconhecido. A partir daí surgem os questionamentos: até quanto tempo ficaremos na quarentena, como vai ficar a economia, as minhas finanças, se alguém da minha família ou eu próprio for contaminado. O medo é sempre e se, e se acontecer, como vai ser, como devo proceder. Há mecanismos para regular esse medo e não gerar níveis altos de estresse que venham prejudicar nosso organismo.

Blog da Condessa – Como lidar com o estresse e a ansiedade diante do coronavírus?

Mauriene Tizzo – Sugiro evitar o bombardeio de notícias, principalmente às falsas. Atentar para a relevância de fontes confiáveis, bem como úteis. Também considero importante estabelecer um horário para se alimentar de informações. Ficar sucessivamente buscando notícias sobre a pandemia não é salutar. Só tende a aumentar o nível de estresse. Certamente não fará bem. O excesso de informação nesse momento é prejudicial, pois com certeza vamos ouvir um aumento no número de mortes e infectados. Lembrando que cada pessoa reage de uma maneira. É preciso cautela. Manter-se informado, porém evitar o excesso de informação que pode sim afetar a saúde mental.

Blog da Condessa – Qual atitude você considera importante durante a pandemia?

Mauriene Tizzo – Seguir as orientações dos órgãos responsáveis, da OMS. No entanto, ponderando e refletindo sobre a possibilidade de seguir as determinações considerando que há pessoas que dependendo da situação, profissão não podem ficar em casa. Acredito que o momento exige adaptações perante a vida, sobre coisas que já estavam prontas, dadas, inclusive no automático.

Blog da Condessa – Qual a principal lição da pandemia?

Mauriene Tizzo – Tenho observado que as pessoas, por ficarem mais em casa, estão conseguindo estar mais com os seus familiares. Uma oportunidade de ficar mais com os seus filhos, de fazer o próprio alimento. Toda crise, apesar das perdas, sempre tem um ganho. Nesse caso, a lição, se aprendida, será a de valorizar as pessoas, a nossa família,

Blog da Condessa – Como lidar com pensamentos obsessivos em relação à pandemia?

Mauriene Tizzo – Creio que é seguir com o que temos de orientações. Caso se perceba que há exagero das partes em isolamento como compulsão por álcool gel, por limpeza, estoque de comida, se fará necessário uma reflexão. Pontuar, questionar, sem julgar. Já com a própria pessoa, tente se basear em comportamentos passados.

Blog da Condessa – Há algum tipo de pessoa que esteja sofrendo mais?

Mauriene Tizzo – Sim, principalmente as que têm transtorno de ansiedade. Normalmente enxergam o perigo de uma forma mais exagerada.

Blog da Condessa -De que modo podemos enfrentar o medo e a ansiedade?
Mauriene Tizzo –
Uma maneira é refletir, trabalhar com dados reais e atuais. Sobre o que é real ou se há exagero dos nossos pensamentos sobre a situação, o que chamamos de pensamento catastrófico.

Blog da Condessa – Como identificar se estamos sendo dominados pelo medo e pela ansiedade?
Mauriene Tizzo –
Prestar atenção nos pensamentos. A base é sempre o antes. Como estava meus pensamentos e comportamento antes da pandemia ? Observar a alimentação, o sono, a tensão muscular, a parte emocional. Isso tudo serve para medir se a pessoa está tendo reações de ansiedade e buscar ajuda profissional para tentar regular os sintomas. Há diversos profissionais atendendo on line.

Blog da Condessa – Ao que devemos prestar atenção?
Mauriene Tizzo  –
É o momento de prestarmos atenção em nós mesmos, em coisas que não tínhamos tempo devido ao frenesi do cotidiano. Em como eu sinto, como eu penso. É uma técnica de atenção plena que é utilizada na psicologia, uma espécie de meditação. O próprio prestar atenção no momento atual sem fazer no automático e com pensamento lá no futuro já é uma maneira de se cuidar.

Blog da Condessa – Como ajudar quem sente mais o estresse?
Mauriene Tizzo –
Trabalhar a paciência, a resignação. Talvez uma massagem para alguns, outros um exercício de alongamento e respiração pode amenizar. Verificar se a pessoa quer ajuda é importante.

 

 

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