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“Quem não cuida da água não cria peixe”

Na piscicultura o cuidado com a qualidade da água é fundamental para a sobrevivência do negócio. Doença de Haff afeta o mercado local. Queda no consumo chegou a 50%, mas comercialização já está sendo retomado. Especialistas garantem que no pescado de cultivo não existe ocorrência de contaminação.

Mesmo com ocorrências isoladas, o surgimento de casos da doença de Haff (síndrome da urina preta), na Bahia, Pernambuco, Amazonas e Pará, está afetando o segmento de piscicultura em Mato Grosso e em outras regiões do País. Há indícios de que a doença esteja associada ao consumo de pescado, embora ainda não haja comprovação científica. Várias entidades nacionais e regionais se manifestaram sobre o assunto.

O piscicultor Igor Cesar Davoglio, integrante de Associação dos Aquicultores do Estado de Mato Grosso (Aquamat), informa que a queda no consumo chegou a 50% prejudicando muito os produtores locais, mas recentemente começou a haver uma recuperação e a perspectiva é de que nos próximos dias as vendas voltem ao normal. Segundo ele, o consumo de peixe de piscicultura na Baixada Cuiabana é de cerca de 180 a 200 toneladas por semana. Ele reforça que a possibilidade de contaminação em pescados cultivados é zero porque todos os processos seguem rígidos padrões de sanidade, da criação ao abate, incluindo armazenamento e comercialização. Além disso, lembra que, em piscicultura a água não pode estar contaminada, ou o produtor perde todo o investimento. “Quem não cuida da água não cria peixe”. Ressalta ainda que pescado que passa por inspeção não tem problema algum.

A Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR) divulgou nota de esclarecimento dizendo que “tilápia e tambaqui criados profissionalmente, em cativeiro com toda a segurança, não provocam a Síndrome de Haff em seres humanos”. A nota prossegue dizendo que o pesquisador Roger Crescêncio, da Embrapa Amazônia Ocidental, informa que não há nenhum registro de caso da doença que tenha como origem os peixes de cultivo. “A ciência comprova que a Síndrome de Haff pode ser causada pela ingestão de peixes contaminados, de origem desconhecida e que não foram criados em ambientes controlados”.

As informações sobre as causas da doença de Haff são ainda bastante incipientes e nada conclusivas, como esclarece a doutora Ana Lucia Vianna, diretora nacional do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Estudos estão sendo feitos no Brasil e em várias partes do mundo para tentar identificar a origem da doença, que foi descoberta em 1925 e desde então surge e desaparece sem que se saiba exatamente como”, disse a especialista. Ana Vianna reforçou a importância de consumir pescado inspecionado, com selo federal, estadual ou municipal, e de observar as condições de armazenamento nos pontos de venda, sem esquecer os cuidados na manipulação em casa, que devem ser adotados com todas as proteínas de fonte animal.

O secretário Eduardo Taveira fez questão de enfatizar que a doença de Haff tem se manifestado de forma pontual e que não há nenhum caso na região Centro-Oeste. Ele lembra ainda que as pessoas diagnosticadas com a doença não consumiram pescado de cultivo. “Os 52 casos registrados na Amazônia, sendo 36 em Itacoatiara, são pouco representativos no universo de 2,2 milhões de habitantes que consomem peixe regularmente”. Ele lembra que não se deve comer pescado de origem duvidosa e que a orientação vale para todos os tipos de proteína animal e alimentos.

O Sebrae MT, que há anos é apoiador da cadeia produtiva da piscicultura, também está empenhado em difundir informações corretas para produtores, consumidores e sociedade em geral. Em setembro e no início de outubro, a instituição apoiou e participou de eventos como a Semana do Pescado, Festival Nacional do Tambaqui da Amazônia e MTilápia, junto às comissões organizadoras. São feitos diversos trabalhos junto aos produtores e frigoríficos para que as boas práticas de produção e manipulação sejam efetivamente utilizadas e praticadas. Além disso, os empresários do setor produtivo e de processamento são orientados sobre a importância do controle de qualidade em todas as fases, desde a alevinagem até a mesa dos consumidores, para ofertarem à população um produto com garantia da segurança alimentar.

Grande produtor nacional, Rondônia também se posicionou oficialmente e afirmou que: “os peixes são cultivados com base na sustentabilidade, em sistema de produção semi-intensivo. O Estado disponibiliza aos piscicultores familiares suporte de laboratórios móveis, por meio do Programa Peixe Saudável, com assistência técnica especializada para capacitar os piscicultores no que se refere às Boas Práticas de manejo na piscicultura, para assegurar a qualidade dos nossos peixes. Não há relatos de casos da Doença de Haff em Rondônia. E na literatura científica não há registro da transmissão por peixes de cativeiro”.
Doença
De acordo com o Ministério da Saúde, a Síndrome de Haff é causada por uma toxina que pode ser encontrada em peixes e crustáceos. Como ela é pouco estudada, acredita-se que esses animais possam ter se alimentado de algas com certos tipos de toxinas que, consumidas pelo ser humano, provocam os sintomas. Contudo, a toxina, sem cheiro e sem sabor, surge quando o peixe não é guardado e acondicionado de maneira adequada. (Fonte: Assessoria Sebrae MT)

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