Meio Ambiente

“Re.Florar”

Sociedade civil lança carta que convoca o Estado a garantir a restauração da vegetação nativa em Mato Grosso.

O agravamento da crise climática e o rápido avanço da perda de biodiversidade tornam essencial a execução não somente de ações de conservação, mas, principalmente, de restauração de áreas de vegetação nativa.

Diante deste cenário, entidades da sociedade civil lançaram uma carta com convocatória para que agentes do Estado criem estratégias para viabilizar o restauro das florestas em Mato Grosso.

A carta foi lançada ao final do workshop Re.Florar, que teve início na segunda-feira (24) e foi finalizado na quinta-feira (26). O evento foi realizado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) em parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e apoio do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), World Resources Institute (WRI) e Ministério Público de Mato Grosso (MPMT).

Ao longo do workshop, mesas de discussão e grupos de debate de diversos segmentos ampliaram os diálogos sobre o quadro de emergência climática global, degradação florestal e a centralidade de Mato Grosso enquanto potência mundial na produção agrícola. Ao final das discussões, a carta materializou a expectativa da sociedade civil em torno da criação de uma política de Estado para restauração da vegetação nativa.

“As discussões e os debates dos painéis e das palestras trouxeram à tona as necessidades de uma construção e uma governança participativa incluindo os insumos técnicos e científicos entidades civis organizadas, instituições locais de pesquisa e do governo. Também foram colocadas as necessidades de fortalecer os mecanismos de financiamento, de estratégias eficazes e eficientes de implementação e de monitoramento”, diz trecho da carta.

Diretora executiva do ICV, Alice Thuault apontou que o evento conseguiu concentrar em um mesmo espaço diversos agentes de segmentos diferentes em prol da discussão sobre restauração. Para ela, os debates renderam o subsídio necessário para que o Estado possa se mobilizar em torno da pauta.

“A gente conseguiu levantar diversos parâmetros, como o arcabouço institucional, quem faz o que, quais são as metas, como isso estará organizado. Mas, também, falamos sobre redes de sementes, o que que os atores estão fazendo para esse grande desafio da restauração ambiental. Depois, a gente falou das técnicas, do monitoramento e tudo que o Estado poderá levar em conta para conseguir implementar mais de 2 milhões de hectares de restauração”, disse Thuault.

Compromisso selado
Secretário executivo da Sema, Alex Sandro Antônio Marega garantiu que o Estado, por meio da pasta, criará um grupo de trabalho para discutir a restauração da vegetação nativa em Mato Grosso. O gestor apontou que o GT será composto por servidores da secretaria e membros da sociedade civil.

Com a criação do grupo de trabalho, conforme explicou o secretário, o Estado articulará em conjunto com os demais membros que compõem o grupo qual a melhor maneira para restauração da vegetação nativa, seja por meio de lei, decreto ou elaboração de um plano estratégico.

“A partir daqui a gente vai fazer algumas análises sobre qual o melhor instrumento para que isso aqui possa ser implementado. Sabemos a necessidade que o Estado tem de ter um plano de recuperação. A nossa ideia é criar um grupo de trabalho que vai conter representantes da Sema, outros órgãos públicos, das associações de responsáveis técnicos, ONGs, disse Marega.

“Nós temos hoje na Sema mais de 20 grupos de trabalho discutindo políticas e a gente espera que esse seja um grupo de trabalho produtivo e que venha produzir alguma coisa. E, depois, vamos decidir qual é o melhor caminho, se é uma lei que vamos mandar para a Assembleia Legislativa, se é alterar alguma lei. Então, temos aí vários caminhos. Pode ser decreto ou também a elaboração de um plano estratégico”, acrescentou.

Nota técnica
Em meio às mesas e debates, o workshop também foi palco do lançamento de uma nota técnica que servirá como metodologia de apoio ao monitoramento da restauração florestal por meio do sensoriamento remoto em Mato Grosso.

Diversas experiências e trabalhos têm demonstrado que o uso de dados obtidos por sensoriamento remoto, especialmente imagens de satélite e aéreas, pode proporcionar um ganho em escala e otimização das atividades de monitoramento da recomposição da vegetação nativa. Neste sentido, a nota servirá como apoio para a condução do monitoramento da recomposição, conforme destacou o analista de Inteligência Territorial do ICV, Weslei Butturi.

“O objetivo dessa nota é verificar como o sensoriamento remoto pode ser aplicado para monitorar as áreas de restauro. Sabemos que o sensoriamento é uma excelente ferramenta para as áreas de desmatamento, mas não sabemos ainda como ele poderá ser utilizado para o restauro, quais são suas limitações, quais são suas características. Então, a nota dá um suporte neste trabalho”, disse Butturi.

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