Cultura

“O Trupe” na estrada

Mato Grosso ganha um novo grupo de teatro, um encontro de amigos, que levarão para o palco “sonhos, respeito, raiz e frescor”, como eles mesmo se enxergam, conduzidos pela poeta imortal da Academia Mato-grossense de Letras, Luciene Carvalho, também diretora de teatro, que assina direção e dramaturgia na iniciativa.

Na estrada, o Trupe se apresentou em três comunidades da Baixada Cuiabana, entre janeiro e fevereiro deste ano. O nome é um achado dentro da numerologia e do misticismo, temas que permeiam o universo da diretora e poeta.

A perspectiva de aquilombar-se, o viés periférico e o debate sobre racismo ambiental são outras características do grupo apontadas pelos próprios componentes, ao formar-se. O Trupe reúne integrantes com e sem formações artísticas, fortalecendo os processos de criação.

O corpo de atuação é formado pelos atores André Ferreira, Miguel Vinicius Mendes e Victor Azambuja. A produção é de Mano Raul e Neto Soares, com logística de Patrícia Martins. A produção de arte é do artista visual Vítor Queiroz, que divide a sonoplastia e pesquisa de som com Mano Raul.

Tocar a alma humana através da arte é ofício para o jovem grupo, que reflete e se preocupa com a profissionalização do mercado de trabalho da arte em Mato Grosso. “Há uma preocupação de que haja salário, pagamento para a arte”, reflete a diretora.

“Desde nossa primeira ação, já começamos a trabalhar de uma forma profissional. Entendemos Mato Grosso e o teatro mato-grossense como mercado. Não estamos brincando, todo mundo recebe para trabalhar. Isso é inovador para um grupo tão jovem”, reforça Luciene, que traz na bagagem as experiências de poeta e trilha novo caminho na direção teatral.

Para o ator Miguel Vinicius Mendes, formado pela MT Escola de Teatro e integrante do grupo, viver da arte é agora uma possibilidade. “Aqui vejo a arte tratada como sagrado, sendo respeitada. A importância de ocupar um espaço onde você tem a oportunidade de passar uma mensagem é muito grande. Além disso, temos a possibilidade de viver de arte”.

Coordenador do projeto Hip Hop Combate às Drogas, Mano Raul, também enxerga no grupo a força do poder terapêutico da arte: “É um canal para muita gente sonhar de novo”, diz.

O viver de arte
Com respeito ao sagrado, ao marginal e ao profano, o Trupe visitou três comunidades da Baixada Cuiabana, levando textos poéticos e cênicas que conversam com as realidades de cada uma delas.

Na comunidade Quilombo de Mata Cavalo de Cima, em Nossa Senhora do Livramento, o grupo encenou ‘Benedito Santo’, em homenagem a São Benedito. A apresentação fez parte da programação de inauguração de uma capela dedicada ao santo, que foi construída em mutirão dentro da comunidade quilombola.

Com o texto ‘Partilha’ que versa sobre a adicção, o Trupe se apresentou na comunidade terapêutica Bem Viver, em Cuiabá, que abriga mulheres em tratamento contra a dependência química. Já em Santo Antônio do Leverger, o grupo presenteou o quintal do Boi Estrela com uma performance em tributo ao tradicional Boi-à-Serra, festa da cultura popular do município. As ações fizeram parte do projeto Poesia no Ar, com poesias de Luciene Carvalho.
 

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