Cultura

O ícone Mestre Bolinha é homenageado em documentário

A cineasta Meire Pinheiro conta em obra biográfica a história do saxofonista - um dos mais representativos artistas da cultura popular de Mato Grosso, que vai além da carreira conhecida do instrumentista

O lançamento do documentário Mestre Bolinha, realizado pela produtora cultural Meire Pinheiro, será no próximo dia 27 no  Cine teatro Cuiabá às 19 horas. Filho do lendário Mestre Albertino e de Dona Enedina Fernandes da Silva, Bolinha regeu a banda da então Escola Técnica Federal de Mato Grosso (ETFMT, e atual IFMT) por mais de 35 anos. É considerado um dos grandes responsáveis pela retomada e valorização do Rasqueado Cuiabano.

O documentário Mestre Bolinha é o quarto documentário biográfico dirigido por Meire Pinheiro. “O primeiro foi do “Compadre Crispim”, um grande ícone da televisão mato-grossense. Depois realizei “Padre Firmo – Uma História de Fé”  , em seguida veio o “Mestre Ignácio – Rasqueado do Baú”  e agora o Mestre Bolinha cuja maior motivação para fazê-lo foi especialmente pelo fato de conhecê-lo e sermos amigos. Eu fui cantora da última banda que ele tocou – a Kanoa de Prata. Nossa afinidade era fantástica. Então, eu tive a oportunidade de ouvir inúmeras histórias  de 1950, de 1960. Relatos do próprio Bolinha”, conta a produtora cultural.

A obra biográfica vai exibir a história de um dos mais representativos artistas da cultura popular de Mato Grosso, que vai além da carreira artística bem sucedida. O documentário de aproximadamente 1h38min conta com material inédito, homenagens e depoimentos de pessoas ligadas ao saxofonista.  “Certamente a obra biográfica vai além da carreira conhecida do instrumentista. Muitas narrativas lindas que pude ouvir e reconfirmar com Bolinha. Pra mim, é uma honra e emoção poder falar desse ídolo do rasqueado cuiabano – seus primeiros tons, sons, harmonia, bem como do ribeirinho até a ascensão dele na nossa aristocracia”, revelou Meire.

Kanoa de Prata, última banda em que João Batista Jesus da Silva, ou simplesmente Mestre Bolinha tocou, realizará uma apresentação especial antes da exibição do documentário, com repertório todo dedicado ao rasqueado cuiabano.

Durante sua trajetória, Bolinha integrou muitas bandas, entre elas a primeira de rock cuiabano “Jacildo e Seus Rapazes”, com a qual teve projeção nacional. Acompanhou também inúmeros cantores nacionais de peso, como Roberto Carlos, Ângela Maria, Cauby Peixoto e Nelson Gonçalves.

Bolinha não só embalou a música, mas também a fé. “Ele amava tudo que fazia, era um devoto. A gente quer apresentar esse Bolinha, o João. O público irá se emocionar com essa relevante história de um filho da terra. Uma viagem no tempo, diz Meire Pinheiro, cineasta e proponente do projeto, que dividiu, como cantora por quase uma década, os palcos com Bolinha.

O projeto rendeu muitas descobertas, entre elas a vasta diversidade performática do músico. “Eu não sabia que ele tocava tantos instrumentos assim, só de sopro eles [os entrevistados] falaram uns quatro ou cinco”, comenta.

Para a produtora cultural, o maior legado de mestre Bolinha é a sua devoção, a sua generosidade, a sua efervescência cultural.

O projeto foi um dos selecionados no edital Mestres da Cultura, promovido pela Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT), com incentivo da Lei Aldir Blanc.

A dedicação à religiosidade

Um dos aspectos marcantes da vida de Bolinha foi sua religiosidade. Com contribuições que foram muito além da música, Bolinha manteve viva a tradição das festas de santo.

“Bolinha passava o dia inteiro, participava das rezas, das novenas”, recorda a cineasta.

O legado

Esse ilustre personagem da cultura mato-grossense nasceu em 1940, em Cuiabá. Bolinha era ensinado em casa a valorizar a cultura. “Essa paixão dele pela música é uma coisa que vem de berço, tem toda uma trajetória de vida que está ligada à musicalidade”, diz Francisco das Chagas Rocha, escritor e memorialista.

No dia 5 de agosto de 2019, aos 79 anos, o instrumentista passou a entoar suas melodias apenas nas lembranças de quem ficou. Bolinha se foi e deixou a esposa, a filha e uma legião de amigos e admiradores.

“Acho que a gente não vai ter um cara como ele nessa geração. Falo isso por causa da visão que ele tinha da história, da religião, da tradição. Ele fazia questão de colocar esse sax raiz”, recorda Meire.

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