A cultura cuiabana ganhou voz através os personagens interpretados por Elonil de Arruda, o Liu. Ator, músico, jornalista, professor, diretor e comediante cuiabano de ‘tchapa e cruz’ que se inspirou no cotidiano e no linguajar cuiabano, marcando assim a história da cultura mato-grossense.
A exposição ‘Liu Arruda Presente’, uma realização da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer, acontece até o dia 22 de novembro. A homenagem vai relembrar a história do artista pioneiro que ajudou a projetar o teatro e a cultura cuiabana. Telas, vídeos, áudios, roupas do artista estarão expostas no Museu de Imagem e Som de Cuiabá (Misc), possibilitando à população conhecer um pouco mais de sua vida.
A exposição faz um registro deste ícone do humor. Conforme o ator, escritor e pesquisador Ivan Belém, é relevante relembrar e preservar a memória do grande artista. “Acho muito importante a Secretaria Municipal de Cuiabá prestar essa homenagem à Liu que foi um grande artista que exaltou a cidade, lançou um olhar crítico, engraçado e bonito sobre o lugar, bem como contribuiu para que o cuiabano se sentisse orgulhoso do seu pertencimento”, disse o ator.
Para Ivan, o teatro de Mato Grosso tem que ser pensado antes e depois de Liu Arruda devido a grande contribuição do artista. Liu interpretou mais de 40 personagens tipicamente cuiabanos e engraçadíssimos. Sua paixão pelo teatro teve início ao ouvir sua vizinha declamar na janela de casa. O ator tinha a capacidade de capturar características dos moradores e transformá-las em personagens.
Liu Arruda sabia como ninguém o poder da arte. “Ele era completamente consciente da importância da arte. Até por que ele era, assim como todos nós do grupo Gambiarra somos, adeptos do dramaturgo brasileiro Augusto Boal – o criador do teatro do oprimido. Boal dizia que o teatro era uma arma, um patrimônio da humanidade que todo mundo deveria ter acesso. Para ele, a arte era um instrumento absolutamente político”, lembra Ivan Belém.
Liu Arruda é reconhecido por interpretar personagens como Comadre Nhara, Juca, Gladstone, Ramona, entre tantos outros. A cultura cuiabana ganhou voz com Liu Arruda. “Liu retratou o cuiabano que se identificava nos espetáculos”, conta Ivan.
De acordo com ele, relembrar Liu Arruda é falar da sua contribuição social. “Criticar a sociedade para que ela possa se repensar, transformar e se enxergar no palco foi sua grande contribuição”, avalia Ivan.
O intérprete de personagens como Comadre Nhara, Juca, Gladstone, Ramona, entre tantos outros, começou na adolescência quando entrou para um grupo de apresentação do Sesi, denominado “Pequenos Gigantes”, um dos integrantes do elenco era Ivan Belém. “Na época, final dos anos 70, convivemos superficialmente devido a ida em seguida de Liu para o Rio de Janeiro para estudar e eu fiquei. Já nos anos 80 voltamos a nos encontrar quando Liu voltou para Cuiabá. Na sequência, formamos um grupo de teatro de rua. E, foi nesse contexto, que nos conhecemos e nasceu a parceria. A gente tinha muita química contracenando e se divertia muito no palco”, recorda.
