Cultura

“Esculpo sentimentos que me vem na hora”

O artista moçambicano Hermínio Luís Nhantumbo, cujo nome artístico é Nhantumbos’pace, 35, é estudante do curso superior de Produção Cultural na MT Escola de Teatro. É bailarino, escultor, percussionista, coreógrafo e professor de dança afro house. Conta que a arte surgiu em sua vida já na barriga de sua mãe. “Com seis anos gostava de desenhar na escola. Os professores sempre nos davam tarefa de desenho Pertenci há grupos de continuadores na escola, onde dançávamos  Xissaisana, Xingomana e Marrabenta. Nos livros didáticos da quinta classe, tinha desenhos do artista pintor Malangantana e do escultor Chissano. Então eu copiava os desenhos deles”.

Em 2000, Nhantumbo conheceu o escultor Alexandria Simões. Na sequência, se interessou em aprender a esculpir. Deu certo. “Isso foi no seu atelier na Matola “F”, vulgo 700. Mais tarde, em 2003, ingressei na Companhia de Dança da Matola porque sentia que o meu lugar era na arte”, disse o escultor.

A vinda do artista ao Brasil ocorreu em 2017 a convite do Instituto das Mulheres Negras de Mato Grosso (IMUNE-MT) em parceria com o Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) a fim de promover oficinas de Escultura e Dança para o povo Quilombola. “Antes da pandemia era presencial, agora é virtual”, salientou. Devido o distanciamento, somente exposições virtuais. Seus trabalhos podem ser conferidos em seu atelier e nas suas redes sociais. Sua arte expressa o cotidiano das mulheres que acordam para trabalhar, o  meio ambiente e a beleza das mulheres do Norte de Moçambique que pintam seus rostos de Mussiro para hidratar a pele.

Além de escultor, revela outros talentos. “Sou bailarino,coreógrafo e gosto de cozinhar”, disse sorrindo. O ativismo e a cultura afrodescendente está presente na sua arte através da suas crenças, etnia e do seu idioma. “Sou Xop,  sul de Moçambique”, frisou Nhantumbo.

Segundo ele, o impacto da pandemia no cenário artístico é intenso. “Na verdade a arte sempre foi vista como diversão. Antes da Covid já era marginalizado e com chegada da  pandemia piorou a situação. Fomos os primeiros a fechar e seremos os últimos a abrir ou trabalhar. Então o cenário ficou complicado e as pessoas que faziam trabalho conosco já não se sentem seguros. Tá difícil”, lamenta o escultor. Diz ainda que estava com projetos em andamento antes de iniciar o distanciamento social.  “Tinha feito parceria com uma academia de arte e tinha algumas digressões pelo Brasil, que era continuidade do meu projeto musical”

Sua arte já atravessou fronteiras. Seu trabalho encontra-se na França, Portugal, Moçambique, Swazilandia, África do Sul, Nova Islândia, Japão e outros países. O artista moçambicano  aprecia a arte de Mato Grosso, apenas com uma ressalva: “Talvez a falta de  grupos para representar e divulgar a cultura local”, observa. Para ele, o poder da arte é de educar e expandir conhecimento. “A minha arte é abstrata. Esculpo sentimentos que me vem na hora. Me inspiro através das borboletas, pássaros”.

Hermínio Luís Nhantumbo percebe a influência da arte em suas histórias de vida. “Canto em língua chope e toco um instrumento chamado Timbila. Então tem um segmento muito forte que recebemos dos nossos avós”.

Por fim, questionado se alguém vai querer consumir arte sobre a pandemia depois que ela acabar o  artista moçambicano responde: “claro! As pessoas estão com saudade e os artistas não pararam com as suas criações. O público está acompanhando os seus artistas através das redes sociais. Deixo aqui uma sugestão: tenham paciência. Tudo vai ficar normal. KANIMAMBO”!

SERVIÇO

Atelier: Rua Doutor Ferrari, casa 594 Bairro: Dom Aquino

Fone: (65) 9210 8653

Instagram: herminioluisnhantumbo

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