‘A arte de sorrir cada vez que o mundo diz não’
A atriz pantaneira Mariana Leite, de Mimoso (interior de Mato Grosso), é pedagoga com pós-graduação em Didática e Interdisciplinaridade. Faz teatro na Escola Arte em Cena e Escola de Palhaço de Mato Grosso. “Participei dos filmes “Rondon o Último dos Bandeirantes”, do documentário “Águas Encantadas do Pantanal” e do filme “Professor Carlos Reiners – o último Comunista convicto do Pantanal”, além da estreia como atriz pantaneira no curta metragem “Saringangá”, informou.
Entre as suas inúmeras aptidões e atividades, há o latente talento para a improvisação, a interação e a possibilidade de agregar outros elementos ao enredo de contadora de histórias. O contar e ouvir histórias remete à prática histórica da oralidade, proporcionando aos ouvintes uma oportunidade para desenvolver a imaginação e enriquecer o vocabulário.
“Eu faço instrumentos de percussão para contar histórias no Instagram Facebook e WhatsApp. A inspiração como contadora de histórias veio da minha mãe que sempre dizia que toda música tinha uma história por trás da melodia, e assim me incentivou muito”, conta Mariana.
Mariana é aposentada por invalidez. Ela tem uma doença crônica na visão chamada retinose pigmentar. “Tenho 5% da visão em ambos os olhos”, disse. “Sou professora desde 1990, quando conclui o magistério. Em 1997, o curso de Pedagogia. Já em Mimoso fui guia de turismo local, o que me proporcionou contato com várias pessoas fazendo palestras sobre a vida do povo pantaneiro e ribeirinho”, frisou.
Para ela, ouvir histórias é fundamental. “Fiz curso de contar histórias com Alicce Oliveira, a minha mestra amiga e incentivadora dos meus trabalhos”, ressaltou. Segundo Mariana, os projetos educacionais de hoje estão voltados a trabalhar com histórias. “Faço parte de um grupo chamado Enkantus que proporciona aos alunos as cirandas siriri e cantigas de rodas”, observou.
Mariana pontua que estava com projetos em andamento antes de iniciar o distanciamento social. “Inúmeras atividades. Entre elas, as rodas de conversas e cursos de contar histórias com Alicce, do projeto Contos do Mato’”.
Lamenta deveras o impacto da pandemia no cenário artístico. “Como é do conhecimento de todos, essa pandemia restringiu e muito todas as produções culturais que estavam em andamento. Comigo também não foi diferente. Alguns projetos que eu tinha planejado e outros que estavam em execução tive que cancelar todos. Acredito que vários artistas de todos os meios de entretenimento estão com seus projetos parados. É aguardar a passagem dessa situação para retomarmos nossas produções”, ponderou.
Na sequência, recorda das muitas adversidades no início da sua carreira. “Mimoso era de difícil acesso e sem curso apropriado tive muitas dificuldades. Porém, Deus colocou pessoas especiais na minha vida como o saudoso Luís Carlos Ribeiro, a diva Lúcia Palma, o Carlão dos Bonecos, Vital Siqueira. Hoje, na Escola de Teatro com o professor Ilson Oliveira, aprendi muito com Danielle Bertoline e Alicce que é a minha incentivadora, principalmente pós perda da visão. Também não posso esquecer das minhas amigas do projeto Enkantus que me elevam a cada dia”, destacou Mariana.
Para Mariana, o poder da arte é fascinar, encantar, viajar, conhecer. “O que mais me fascina é a interação, a interpretação e o empoderamento dos personagens”.
Por fim, diz que na sequência temos que comemorar a vida. “O poder de viver, apesar das adversidades e mesmo com baixa visão, é ter a oportunidade de fazer as pessoas felizes e poder ser feliz”, conclui.