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“A forma híbrida de ensino veio para ficar”

Em entrevista concedida ao Blog da Condessa, o deputado federal Emanuel Pinheiro Neto (PTB-MT), o Emanuelzinho, comenta sobre os obstáculos da educação remota vivido pelos estudantes da rede pública durante a pandemia da Covid-19. Diante dessa situação, o parlamentar sugere soluções. No último dia 9, ele apresentou um Projeto de Lei que tem por objetivo garantir o acesso gratuito à educação por meio da utilização multiplataformas digitais para os alunos do Ensino Infantil, Fundamental e Médio das escolas públicas.

Blog da Condessa – O PL 3209/20  tem por objetivo garantir o acesso gratuito à educação por meio da utilização multiplataformas digitais para os alunos do Ensino Infantil, Fundamental e Médio das escolas públicas. De que forma isso pode se tornar viável?

Emanuel Pinheiro Neto – Se tornaria viável por meio de políticas públicas juntamente com as secretarias de educação estaduais e municipais para buscar e dar acesso aos alunos. Por meio de programas educacionais definidores de como serão o uso dessas multiplataformas para divulgação de atividades, controles de frequência, incentivo à pesquisa, envio de tarefas, exercícios, vídeo-aulas gravadas e ao vivo, entre outras possibilidades como a transmissão de aulas por meio de canais de televisão. Sendo também necessário, por parte das instituições de educação, uma pesquisa de campo para diagnosticar a situação das famílias e dos estudantes no acesso à internet e aos equipamentos necessários para aulas na modalidade à distância, analisando também os pontos críticos que demonstraram as dificuldades de acesso aos recursos tecnológicos e midiáticos, afim de minimizar os problemas acarretados pela falta de conexão à internet e ou pela falta de equipamentos eletrônicos para o acesso as ferramentas digitais educacionais. Por outro lado, alguns estados brasileiros já vêm deliberando a favor de atividades não presenciais. Entre eles, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Espírito Santo, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso, Acre, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraná, Rio Grande do Sul e Amazonas.

Blog da Condessa – Escolas privadas, públicas tentam se ajustar à estruturação digital para enfrentar isolamento, mas enfrentam dificuldades. Esse desafio tornou-se tão grande quanto o combate em si ao coronavírus?

Emanuel Pinheiro Neto – Sim. Acredito que a pandemia escancarou a desigualdade social que existe entre os estudantes do nosso país. Ouço alunos da rede privada dizerem que está difícil o aprendizado, agora imagine para os estudantes da rede pública? Muitos sequer têm acesso à Internet. A última pesquisa TIC Domicílios constatou que a conexão à Internet somente pelo celular se tornou a forma mais comum de navegar na web no Brasil. Com os estudantes, é a mesma coisa. É preciso repensar a maneira de disseminar o conteúdo e levar em consideração que a utilização de telas já é uma realidade. A forma híbrida de ensino veio para ficar. Agora é preciso políticas públicas que façam essa adaptação no ensino público e para isso é preciso preparar os estados e municípios.

Blog da Condessa – Diante de escolas fechadas por tempo indeterminado, a rede pública tem nas mãos a missão de encontrar solução. Essa é a sua missão também num território marcado por diferenças econômicas, sociais e culturais?

Emanuel Pinheiro Neto – Enquanto parlamentar, tenho o dever de melhorar a vida das pessoas. A pandemia trouxe o foco para problemas antigos no campo da Educação, como a falta de acesso à Internet, o despreparo dos professores, o modelo antiquado de ensino, as novas tecnologias de aprendizagem. Sou um parlamentar municipalista e trabalho para trazer desenvolvimento para o interior do meu estado. Quero que a universalização da Internet seja uma realidade em Mato Grosso. Temos que pensar também no pós-pandemia. Todo investimento feito agora será útil quando as aulas retornarem. Acredito que rotina escolar passará a ser mista com momentos on e offline.

Blog da Condessa – Outra dificuldade é a inaptidão para por conteúdos no ar ou falta de pessoal para fazê-lo. Isso requer professores bem formados e estrutura adequada. Como suprir essa deficiência?

Emanuel Pinheiro Neto – Com investimento e políticas públicas que permitam a transformação digital do ensino público. Capacitação de professores, acesso ilimitado à rede mundial de computadores e infraestrutura adequada nas escolas para tornar o modelo híbrido possível.

Blog da Condessa – Em meio à crise, o PL deve ser determinado como caráter de urgência?

Emanuel Pinheiro Neto – A crise pandêmica afeta a todos prejudicando o regular desenvolvimento em diversas áreas sociais o que torna imprescindível uma regulamentação mais breve possível, uma vez que, ainda não é previsível o fim da pandemia, o que nos obriga a viver o “novo normal” e se adaptar a ele. Vejo que sim, a proposta da educação digital se mostra urgente e precisa ser debatida na finalidade de encontrar a melhor solução e assim os estudantes não serem penalizados.

Blog da Condessa – Qual a sua posição em relação à decisão do CNE que autoriza as redes estaduais e municipais a computarem as aulas à distância como parte da carga horária mínima obrigatória?

Emanuel Pinheiro Neto – Não é o intuito nem o objetivo do nosso projeto. O nosso PL busca oferecer um ensino à distância como alternativa de complementação do ensino presencial. Utilizar o ensino à distância como carga horária, no meu entendimento, seria benéfico somente quando houvesse uma preparação e uma qualificação de estrutura física e de estrutura humana das escolas da rede pública oferecendo, assim, aos professores toda a gama de opções de ofertas de qualificação para que possam estar adequados ao ensino à distância como estão bem habilitados ao ensino presencial. Nosso projeto busca a complementação do ensino presencial, então vejo com certa ressalva a decisão do CNE.

Blog da Condessa – Qual a sua posição acerca da necessidade de reorganização do calendário escolar por conta da epidemia?

Emanuel Pinheiro Neto – Acredito que essa reorganização se faz necessária, visto que não existem condições de cumprir totalmente o que já estava previsto. Os estudantes brasileiros terão pelo menos quatro meses de prejuízo no calendário escolar. Serão necessárias mudanças, porque o momento exige soluções diferenciadas. Temo que assegurar aos estudantes direito à aprendizagem.

Blog da Condessa – Ensino remoto: uma realidade que veio para ficar?

Emanuel Pinheiro Neto – Acredito que o modelo híbrido será o que irá prosperar. Com a pandemia, tivemos que nos adaptar à tecnologia e certamente isso não irá mudar. Acredito que terão momentos online e presencial, visto que o convívio social é muito importante para a formação dos jovens. Nosso desejo é que o ensino presencial seja o mais qualificado possível e o ensino remoto, como o mundo moderno caminha neste sentido, tem que ser estruturado e preparado para as novas tendências que irão surgir dentro da Educação. Discutindo isso sempre com técnicos e especialistas e principalmente com o corpo docente que são os que vivem a realidade do dia-a-dia.

 

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