“Identificação animal impulsiona ganhos sustentáveis”

Ter uma gestão efetiva e produtiva dos rebanhos é fator fundamental para o contínuo desenvolvimento dos negócios agropecuários. A Fazenda Buracão, localizada em Itiquira (MT), é prova disso e demonstra a força de uma gestão inteligente e profissional com a evolução dos números. Já há uma estimativa de 50% de ganho de produção e, até 2026, espera-se aumentar o abate em 400%, com 1/5 da área original de pastagens e o dobro de áreas de lavoura, o que deve resultar na valorização do patrimônio em 30%, com geração de receitas de abate e arrendamento. O cenário otimista é reflexo de decisões assertivas, como o uso da identificação animal.

A profissionalização da gestão iniciou em 2018, com o suporte do engenheiro agrônomo Deives Faria, que, atualmente, é o responsável por todo gerenciamento da propriedade. A fazenda possui 3.912 hectares, sendo 998 ha de áreas preservadas, 2,2 mil de lavoura e 748 hectares de pastos, com um rebanho de 2,2 mil cabeças. O trabalho no local envolve o ciclo completo na pecuária, com intensificação (pastagens rotacionadas adubadas, suplementação nutricional e confinamento), além da ILP (integração lavoura-pecuária).

“Há quatro anos, quando iniciei o processo de gestão e tentei buscar dados e informações, entendi que não tinha nada exato, apenas uma pilha de cadernos com papéis sujos e amassados. Isso era uma barreira para crescer. A fazenda produzia bem, mas não dava lucro”, detalha Deives. Foi então que definiu três etapas: estabelecer um sistema para gerenciar as informações, aprimorar a coleta de dados e iniciar a identificação animal.

Empresa parceira nesse processo de otimização da Fazenda Buracão é a MSD Saúde Animal, que, desde 2019, atua ao lado da propriedade com o sistema de identificação eletrônica da Allflex. A identificação permite ao produtor um controle preciso, com dados que direcionam para tomadas de decisões mais assertivas, com foco em ações preditivas.

“É um sistema que impulsiona a qualidade da informação na gestão da propriedade, diminuindo a margem de erro na coleta de dados, o que impacta na agilidade do manejo, na sanidade e no bem-estar do rebanho, na otimização de recursos naturais e na redução de desperdícios”, explica Rafael Linhares, coordenador de território da unidade de Ruminantes da MSD Saúde Animal.

É a identificação animal que permite rastrear toda a vida do animal, minimizando incoerências e perdas, deixando a produção transparente para os consumidores e impulsionando ganhos sustentáveis. Ainda ajuda a diminuir o estresse e acidentes de trabalho, já que a produção se torna mais clara e precisa, evitando ações desnecessárias. Segundo Rafael, a gestão dos rebanhos começa exatamente nesse ponto da identificação, que traz tantos benefícios.

Por exemplo, os identificadores por radiofrequência permitem velocidade de leitura, são de fácil aplicação e têm alta retenção. Combinado com soluções de identificação visual e amostragem de tecido, possibilita um sistema robusto de rastreabilidade.

Deives confirma que foram muitos os ganhos com as novas práticas: “Passamos a apurar os resultados dos ganhos de peso e rendimento de carcaça dos animais abatidos a partir da identificação, permitindo que pudéssemos ver os resultados obtidos e criar um histórico. Além disso, foi possível estabelecer metas de desempenhos com a implementação de indicadores que norteiam a produção”.

Outros ganhos derivados da gestão profissional e uso da inteligência de dados envolvem controle sobre inventário, nascimentos e mortalidade, ganhos de peso dos lotes e individual, padronização de lotes, melhora do desempenho reprodutivo e relatórios gerenciais confiáveis, acessíveis e rápidos. “Estamos no meio do caminho desse planejamento estratégico e já conseguimos um avanço incrível. Hoje, os sócios enxergam a fazenda pelos números, com relatório completos e precisos, sem superficialidade”, diz o responsável pela gestão da Fazenda, que enxerga a importância desse processo para as próximas gerações.

Gestão que dá resultados

A interação entre animais identificados, sistemas de controle e equipes capacitadas é primordial para a gestão dos rebanhos, independentemente do sistema produtivo, do tempo de mercado e do tamanho da propriedade. É o que reforça o coordenador de território de Ruminantes da MSD Saúde Animal.

Rafael Linhares também orienta sobre as principais ações para uma gestão de resultados. “Primeiro, é preciso buscar uma boa orientação, a fim de perceber que o gerenciamento não é tão difícil e que todo aparato está acessível para qualquer tamanho de rebanho”, diz.

Outro tópico é o aprimoramento, estar ciente do real funcionamento das ferramentas de gestão e se elas entregam o que foi prometido. Também é preciso definir métodos de identificação animal (identificadores visuais ou eletrônicos) e de controle (software ou planilhas, que podem ser acessados em smartphones, tablets, computadores ou mesmo em balanças eletrônicas).

Mais um ponto imprescindível para uma boa gestão são pessoas capacitadas, conforme pontua Rafael. “É necessário investir no colaborador que será o responsável pelo gerenciamento dos dados. Esse gerenciar compete desde a inserção contínua das informações no controle até a interpretação dos dados, para auxiliar a tomada de decisão, as programações e projeções produtivas da fazenda.”

O coordenador ainda destaca os principais erros dos produtores quando o assunto é gestão: achar que não é possível controlar, que o sistema produtivo não se adapta ao controle, que todos os identificadores disponíveis oferecem baixa retenção, que os métodos de controles são difíceis e, logo, os colocam em desuso, escolher pessoas de perfis e instruções inadequadas para o gerenciamento e entender que o controle serve para um determinado sistema produtivo e não para outro.

“Quando se alia conhecimento à tecnologia e entende o poder dos dados, a gestão é profissionalizada e os resultados aprimorados. A identificação animal é um grande auxílio para os produtores, com informações confiáveis e controladas”, completa Rafael.