Agronegócio

As cooperativas e o agro

Crise econômica, resquícios da pandemia, inflação e guerra vão exigir dos produtores escala na hora de negociar

As perspectivas para o próximo ano não são boas para o setor de commodities. Principalmente para os pequenos produtores, que em Mato Grosso são empresários rurais com até 1 mil hectares. Eles representam quase 70% do total e podem se ver em uma conjuntura estreita por conta do custo de produção, agravado pelo aumento dos insumos, que tudo indica, não acompanhará o acréscimo no valor da comercialização, como no ano passado.

Um cenário, descrito pelo superintende do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Cleiton Gauer, que só poderá ser vencido com os agricultores articulados e organizados, por vezes em cooperativas, para conseguir volume nas compras, acesso ao armazenamento, crédito e comercialização em escala.

Conforme as pesquisas do Imea, no custeio da soja, por exemplo, a previsão de acréscimo este ano será 53% que no ano anterior. E se comparado ao ano de 2020, o percentual chega a 100%. Apenas um dos adubos usados na cultura, o fosfato monoamônico (MAP), custava R$ 2 mil a tonelada em 2020 e, este ano, chegou a 7 mil.

Pandemia, guerra, inflação. Muitos ingredientes que podem trazer um sabor amargo aos negócios rurais, principalmente quando se é pequeno e não consegue produzir em escala e assim ter poder de barganha e nem recursos para financiar o plantio. Para Gauer, com a expectativa de redução do Plano Safra e aumento da taxa Selic, os empréstimos serão poucos e caros, o que deixará este público ainda mais vulnerável.

O superintendente ressalta ainda que este imbróglio vai afetar vária cadeias produtivas, pois o pecuarista precisa de pasto e de ração, que é feita de grãos, formando assim uma espécie de “looping”, onde a união será essencial para sair bem deste círculo.
A  união no enfrentamento do mercado

Diante do que foi apresentado, Gauer acredita que as cooperativas do agro podem ajudar na sobrevivência dessas empresas do campo. O sistema está crescendo a cada ano, já tem números expressivos em Mato Grosso e grande potencial de expansão, principalmente porque acaba tendo na crise uma grande alavanca. Afinal de contas, a dificuldade fomenta a união.

Hoje, as cooperativas são responsáveis por 45,4% de tudo que é produzido no estado nas culturas soja, milho, algodão, cana-de-açúcar, arroz, feijão e girassol. Um percentual que representa 39,5 milhões, das 87,07 milhões de toneladas produzidas em Mato Grosso, conforme dados da safra 2018/2019, de acordo com o Censo das Cooperativas Agrícolas de Mato Grosso.

Atualmente, segundo dados do Sistema de Organização das Cooperativas Brasileiras em Mato Grosso (OCB/MT), o estado tem 59 cooperativas do setor agropecuário e, juntas, elas reúnem 10.012 cooperados e mais de 2 mil empregados.

O superintendente da OCB/MT, Frederico Azevedo, explica que a entidade está aberta para auxiliar na abertura de novas cooperativas, principalmente ajudando a avaliar o modelo de negócio, o propósito da formação, bem como a viabilidade econômica. Também dá todo suporte para gestão das unidades e formação dos integrantes.

Azevedo explica que as cooperativas terão papel importante este ano, principalmente no que diz respeito a compra e importação de insumos. As notícias já estão mais do que massificadas, que a maior parte do cloreto de potássio usado na lavoura do país vinha da Rússia e Bielorrússia. E, a paralisação dos portos e produção, gerou uma quebra na cadeia.

Então, a busca pelo produto, que é vital para as propriedades, passou a ser alvo de disputas comerciais e na hora de negociar, ganha quem tem mais volume. Quem compra em pequena quantidade, corre o risco de ficar com o que sobra ou pagar mais caro.

De acordo com o superintendente muito além de comprar e vender, várias outras finalidades podem gerar uma cooperativa, como a armazenagem de grãos, por exemplo. Muitas vezes, ter uma estrutura para tal é caro para um produtor. Contudo, quando ele se junta a outros, consegue ter acesso ao serviço que traz lucro, uma vez que garante a qualidade da produção, que é melhor avaliada durante a venda. Ele argumenta ainda que algumas regiões estão com expansão de lavoura e há outras culturas, como o feijão, que já mereceriam uma cooperativa.

Além dessas constituições, que trazem resultados mais imediatos, é possível pensar em cooperativas destinadas ao beneficiamento dos grãos ou agroindustrialização, o que agregaria valor ao material, além de créditos específico para produção, como foi feito na cadeia de gergelim.

Caso tenha interesse em formar uma cooperativa ou entender um pouco mais de seus benefícios entre em contato com o Sistema OCB/MT (65-3648 2400) ou acesse nosso site: https://www.ocbmt.coop.br/

 ** Foto: Cleiton Gauer, superintende do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea)

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